Crítica: Superman- As Quatro Estações
Talvez não seja a história mais marcante do azulão nos gibis, longe disso. Mas preenchendo a lacuna desse espaço comparativo com um adendo com bastante significado: é uma visão belíssima do Homem de Aço, que se constrói no mais simples para exaltar o maior herói dos quadrinhos, em uma divisão simbólica de quatro edições. O intuito é resgatar a essência do personagem de diversas formas, rejuvenescendo a figura mítica com um início de saga, como o Super Homem em Metrópolis. Legal notar que foi o poço de inspiração para Smallville e que trouxe muitos elementos que foram usados mais tarde para argumentar questões relacionadas à essência do personagem.

Numa época atual onde as mídias diversas interpretam Superman a sua maneira, As Quatro Estações é uma excelente escolha para a reconexão com a aura do personagem, que é vista por muitos como a mais adequada : aquele Superman inocente, justo, otimista e simples, que estamos realmente amando com a série Superman e Lois. Jeph Loeb quer mostrar o início de carreira de seu herói, mas não sobre a sua unilateral ótica. É muito interessante ele dividir o enredo na ótica de pessoas normais, no convívio com o Clark Kent.

De início, na primavera, somos apresentados ao Super Homem na visão narrativa de Jonathan Kent, o pai adotivo de Kal-El. Nesse englobo, a primavera alusa ao despertar dos poderes de Clark, do uso das suas habilidades e essas vertentes existenciais. O lugar dele do mundo é questionado por si próprio, assim como o seu determinado propósito como Superman. Jonathan extrai desse dilema uma despedida, abrindo portas para o florescimento de Clark, idealizando um gatilho familiar suave e funcional para que a personalidade do Super ( em familiaridade a uma figura do bondoso e inocente Clark Kent ) se apresente.

Em Metrópoles, temos a interação dos mesmos personagens, mas como uma mudança significativa na Lois Lane. Coisa usada para abrir caminho para a relação de amor que Clark desenvolve com Lana Lang. Eu particularmente gosto, não superando a convencional atração com a Lois, mas exclusivamente aqui funcionou muito bem, porque Lana é mais simples do que toda a burocracia jornalística que circunda Lois Lane.
Mas a Lois tem destaque, principalmente porque ela narra a segunda edição, mostrando agora toda a sua admiração por um ser que pode tudo, mas que escolhe ajudar as pessoas. São páginas de pura admiração. Pro leitor, é um deleite ver o Super Homem em contato com essa imagem de orgulho nacional.
Lex Luthor, diferente, aparece também, para se colocar em oposição ao homem de aço. A figura dele não é meramente antagônica, mas sim um exercício de iconografia. Ele também enxerga o Superman como alguém que mudou o curso da história, e sua filosofia é de subversão. Todos o admiram, mas Lex o estuda. Essa visão é ótima, retira possíveis atrasos genéricos e amacia a ação para priorizar a dialética. A dialética é simples, como todo o resto, por isso eficiente. Ela cai então, sob a questão de imagem. Lex se sente inferiorizado pela presença do Superman e tudo o que faz é tentar recuperar a imagem que ele julgou deturpada. O Super sente essa pressão e retorna para Pequenopólis, para assim fechar com a história, em uma edição, que achei muito carinhosa.

Carinho contado pela doce Lana Lang. Ela articula um aprofundamento ainda maior com o núcleo familiar do Clark, além de reprisar aquele romance que eu achei muito bonito na trama. Nessa última edição, além desse carinho genuíno, que representa toda a história, as relações das estações do ano são conotadas em uma lição interessante. No final do capítulo, um pastor faz uma preleção, traçando um paralelo entre as estações do ano e as árvores; para ele, o inverno, por mais horrível que seja, é uma estação de onde os novos galhos da árvore saem mais fortalecidos, ideia essa que imediatamente relacionamos à trajetória do herói no decorrer da história, que termina com o retorno do Superman à Metrópolis, e com seu ressurgimento.
Ressurgimento simples, mas triunfal. Talvez essa seja uma das melhores inspirações para se adaptar o Superman, como Smallville já fez e que Superman & Lois repetiu. Uma história quentinha como o coração da Martha e simples como as folhas de outono, mas com um intenso significado que aprendizado para um herói tão icônico como o Super Homem.
NOTA FINAL
4/5
★★★★
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